Idosos X Quedas
Uma análise crítica sobre o envelhecimento populacional
*Eduardo Felipe da Conceição.
*Acadêmico do 5º período de Fisioterapia da Instituição de ensino superior Estácio.
“A ideia do Brasil como um país jovem sempre esteve presente em nossa mente e desenhou nosso horizonte. No entanto, de repente, percebemo-nos grisalhos”.
O envelhecimento populacional iniciou-se no final do século XIX em países da Europa Ocidental e espalhou-se pelo resto do primeiro mundo no século passado, e nas últimas décadas, estendeu-se para os países de terceiro mundo, inclusive o Brasil. Fatores como urbanização, com rápida queda da fecundidade e os avanços tecnológicos na área da saúde tornaram possíveis e de maior abrangência a prevenção e cura de muitas doenças, fazendo com que as pessoas vivessem por mais anos.
A ONU estabeleceu como pessoa idosa, em países desenvolvidos, a partir de 65 anos de idade e em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, a partir de 60 anos de idade. Esse envelhecimento trás uma série de desafios para o Sistema Único de Saúde (SUS), pois implica em maiores gastos com diagnóstico e tratamento e necessidade de adequar a prestação de serviços e a formação profissional. As projeções indicam que em 2050, 30% da população será composta de idosos e áreas como geriatria (ramo da medicina especializado no estudo dos idosos) e gerontologia (ciência que estuda o envelhecimento) terão destaques significativos.
Um dos pontos preocupantes para ser avaliado como um risco inerente a esse público são as quedas, definida como deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior a posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por multifatores que comprometem a estabilidade.
Os impactos negativos das quedas é um problema socioeconômico devido às consequências como incapacidade, institucionalização, imobilidade e morte. 30% dos idosos caem a cada ano e essa taxa aumenta para 40% entre os idosos acima de 80 anos e 50% entre os que residem em Instituições de longa permanência do idoso (ILPI). Mulheres caem mais até os 75 anos de idade, a partir dessa idade as frequências se igualam. Dos que caem, cerca de 2,5% requerem hospitalização e desses, apenas 50% sobreviverá por um ano.
Os fatores causais das quedas podem ser extrínsecos (relacionados ao ambiente), tais como presença de escadas e degraus com altura ou largura irregulares, ausência de barras de apoio e corrimãos, iluminação inadequada, tapetes soltos, barreiras arquitetônicas, moveis instáveis ou deslizantes e fatores intrínsecos, decorrentes das alterações fisiológicas do avançar da idade, da presença de doenças, de fatores psicológicos e reações adversas de medicamentos em uso. As causas mais comuns relacionadas às quedas são: fraqueza muscular, tontura/vertigem, alteração postural, lesão no sistema nervoso central (SNC), problemas de visão (glaucoma, catarata entre outros).
A reabilitação pós queda pode ser demorada e no caso de imobilidade, traz complicações como tromboembolismo venoso, úlceras de pressão e incontinência urinária.
A prevenção é o melhor método a ser aplicado por familiares, profissionais de saúde e conscientização da pessoa idosa, diminuindo a morbidade e mortalidade, os custos hospitalares e o asilamento e medidas práticas devem ser adotadas para minimizar as quedas e seus efeitos negativos:
- Facilitar o acesso a utensílios de uso cotidiano;
- Pisos antiderrapantes e barras de apoio nos banheiros;
- Diferenciador visual nos degraus de escadas;
- Iluminação adequada;
- Retirada de tapetes;
- Orientar o banho sentado quando da instabilidade postural;
- Orientar a não trancar o banheiro;
- Orientações para reorganização do ambiente interno a residência, com o consentimento da pessoa idosa e das pessoas do lar;
- Uso de estabilizadores de equilíbrio (muletas, bengalas, andadores etc).
Pequenas modificações podem ser muito úteis de acordo com o projeto CASA SEGURA, desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.